quarta-feira, 18 de março de 2009

As aves que aqui gorjeiam e blá blá blá

Ficar uns dias sem postar até que faz bem. Geralmente a gente volta cheio de assuntos. Como não é bem o meu caso, resolvi escrever algumas coisas bobinhas, só pra matar o tempo e não perder a audiência.
Pensei até em falar na morte do deputado, no desaparecimento do jogador de futebol, no leptop a R$ 1 mil para professores e na visita do pequeno príncipe. Mas isso não tem tanta importância pra mim.
O que me importa, mesmo, é saber o que motivou a reforma ortográfica. Sinceramente, até agora, não li nem ouvi argumento convincente.
Há pouco que li O último voo do flamingo, de Mia Couto e não tive problemas em compreender uma vírgula. Além disso, os linguistas (agora sem trema), como o Marcos Bagno, defendem, de maneira geral, que no Brasil se fala uma língua diferente da de Portugal. Pois bem. Me surpreende que o próprio Bagno afirme que "está na hora de o Brasil tomar a frente da língua portuguesa". Confesso que o ilustre linguista conseguiu fazer comigo o mesmo que fiz várias vezes aqui no blog: criou confusão pela contradição. Com é que vamos tomar frente de algo que já não é mais da nossa cultura, meu caro Marcos?
Por outro lado, já ouvi de que "precisamos unificar a língua portuguesa para ganhar a vaga no conselho de segurança da ONU". Perguntar não dói: a Inglaterra e os Estados Unidos da América têm assento no tal conselho? E a língua inglesa é unificada? Pois é...
Qual o outro argumento mesmo? Ah, da uniformização dos documentos internacionais. Ou seja: criar um padrão para os documentos escritos nos países que compõem o acordo, fazendo com que os documentos valham em todos. Não seria mais fácil reconhecer oficialmente as diferenças existentes e aceitar que um documento venha de Portugal com a grafia própria e vice-versa?


Mas sabem o que vai realmente acontecer? Os governos dos países envolvidos gastarão verdadeiras fábulas pra substituir os livros didáticos e os dicionários das escolas públicas e os alunos das privadas não poderão reaproveitar o do colega do ano anterior. Pra onde vai esse dinheiro todo? Isso é que me preocupa!

Um comentário:

Anônimo disse...

Não deixaste de entender uma vírgula do "último voo..." porque a pontuação não é diferente entre as "línguas portuguesas". Hehe. Ria, por favor. Que conveniente ter de trocar tudo agora. Cada uma. Em plena campanha contra Aracruzes (cruzes!) da vida vem um pessoal de gabinete dizer que tudo terá de ser reeditado. Eu mereço. Esse negócio de língua, estou cansada de dizer, mas estou plagiando o pessoal da faculdade: é a representação de uma cultura, um símbolo, um código que presume toda uma cultura por trás e todo um entendimento próprio de um povo linguistico. Me responda: o que a nossa cultura tem hoje a ver com Portugal? E com Cabo Verde? E Guiné-Bissau? Voltemos a língua fria, ao mesmo debate do romantismo indigenista do século XIX, e à retomada modernista: construção de identidade nacional. Acabamos de dar um passo atrás. Mário de Andrade deve estar dando um duplo twist carpado no caixão. Eu, hein. Quanto ao Marcos Bagno, é aquilo que eu digo dos políticos "de esquerda": defendem o comunismo marxista leninista, mas compram carro importado, escolhem uma ninfeta pra casar e não "se rebaixam" lavando uma louça ou trocando uma fralda. Tudo muito bonito na teoria, mas quando a prática pega, acabam se perdendo. Viajei? Mudei de foco? AH, eu sempre faço isso.