quinta-feira, 12 de março de 2009

O nome da coisa na coisa

Antes de entrar no assunto do post, quero justificar minha ausência. É que ando com muita coisa pra escrever e nenhum tempo. Tudo tem me tomado muito tempo. Mas na medida do possível, vou mantendo o espaço razoavelmente atualizado.
Voltando ao post.
Hoje iniciei o trabalho com uma nova turma. São poucos alunos e todos interessados. Tem rockeiro que se veste de gaudério, é lutador de artes marciais e tem posicionamentos interessantes. Também tem jovens mulheres casadas que aparentam fisicamente ser adolescentes, tem músico e até uma aluna que não faz a disciplina mas que resolveu assistir. Todos muito respeitosos com o professor. Mas...
o que me chamou a atenção não foi a maneira educada de agir da turma, muito menos a maneira divertida de um aluno falar, fingindo raiva, da mesma forma que não me chamou atenção a tranquilidade da turma. O que me chamou muito a atenção e me fez pensar neste post foi um armário que fica no fundo da sala. Nela tem livros aos montes, pode-se perceber através do vidro das portas. Também é bem fechada com um cadeado o que me faz pensar que a comunidade é realmente diferenciada porque se existe a preocupação em que os livros não sejam roubados, quer dizer que até os ladrões são interessados por leitura. Pode ser até que algum esteja me lendo agora. Peço a ele, encarecidamente, que deixe dessa vida e tente pegar emprestado na biblioteca e devolva depois. Voltando ao armário, o que chamou atenção mesmo foi uma espécie de adesivo com a seguinte palavra escrita: "armário". Ou seja, colocaram um rótulo no armário o qual o nomeiam exatamente de "armário". Quando li isso, me ocorreu a seguinte questão: será que alguém de dentro da escola ou da comunidade (professor, aluno, funcionário ou até aquele ladrão que queria roubar os livros) já confundiu o móvel com uma mesa ou um copo de suco de tamarindo? Talvez por proximidade de aparência física alguém pensou que se tratasse de uma geladeira. Deixo essa dolorosa dúvida ao prezado leitor: o que leva alguém a rotular uma armário com o nome "armário"? Depois disso, pensei em sugerir que se coloque um adesivo em cada mesa e nas cadeiras com os respectivos nomes ("mesa", "cadeira"). Acho até que poderia ser aberto à comunidade pra que nomeiem as coisas em casa. Já pensei até num slogam: "Vamos botar o nome da coisa na coisa!"

Um comentário:

Anônimo disse...

Pode se tratar de uma intervenção poética-concretista. Talvez alguém queira explicar a diferença entre o objeto e a palavra. Quer dizer, a palavra "cadeira" escrita não significa que ali se possa sentar, é uma união de signos que designam o nome da coisa. Mas o que isso tem a ver com rotular objetos com os respectivos nomes? Não faço a mínima idéia, mas bem que certas vezes poderíamos nos dirigir a certas repartições públicas com o seguinte rótulo: "pessoa".