quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A semana lavada e passada a ferro limpo (por partes)

Os últimos dias foram de muita polêmica polissêmica: teve professora dançarina, que, embora não seja exatamente uma professora de dança, dançou num show baiano e dançou porque dançou; teve, finalmente, o retorno às aulas da rede pública gaúcha (essa cacofonia só não supera a da música gaúcha), depois de um longo período de parada para dar uma segurada na gripe; tivemos os anúncios do pré-sal (pena não podermos dizer pressal! as palavras novas poderiam ter entrado na remorfa e deixado as antigas como estavam...). Tudo isso em pleno período cívico, que por sinal, também é uma palavra que, em determinada letra, é só puxar uma perninha...
Destes assuntos, vou me ater primeiro ao primeiro. Aos fatos.
A professorinha que todo aluno heterossexual adolescente pediu a Deus, dava aulas de matemática. Ao que parece, resolveu mostrar os produtos dos meios e comprovar que eram equivalentes ao dos extremos. Foi num show de pagode, ou de axé, não sei bem ao certo diferenciar algumas coisas nessas horas. O vogalista (sim, alguém que canta "aê, aê, aê... eô, eô, eô..." só poderia ser chamado assim) chamou interessadas em dançar no palco. A prof resolveu se apresentar e dar seu próprio showzinho. Mostrou a hipotenusa sem sair pela tangente. Foi filmada por alguns celulares (provavelmente algum coleguinha sacana que botou pilha pra que ela subisse e depois sacaneou, num mau sentido, é claro). Tudo foi parar no youtube e pra tv foi um pulinho, ou uma descidinha, não sei bem.
Tudo isso é tratado como um escândalo, tanto que acabou dançando, também, na escola que trabalhava. Eu, particularmente, não considero a atitude escandalosa, porém, vejo a demissão como correta. Explico.
A prof cometeu um erro gravíssimo sim. Tá bem, foram dois, porque a escolha do estilo musical na qual ela resolveu dançar também deve ser considerado. O pecado nem chega a ser na exposição da figura, como diriam os noveleiros antigos. O problema, mesmo, é ela ainda culpar a bebida alcoólica. E ainda tem muito pai apontando o dedo pra ela em sinal de desabono, mas olhando o youtube e a desejando. Ao mesmo tempo, tem muita mãe maldizendo a dita e invejando o fato de ela ter um corpo bonito. E as colegas de carreira, então, nem se fala. E não estou falando das dançarinas, me refiro às demais professoras. Estão apedrejando-a porque cometeu um erro. Engraçado, mas se ela estivesse desfilando numa escola de samba durante o carnaval carioca, mesmo que seminua, seria motivo de orgulho pra categoria. Mas acho que a escola teve suas razões na demissão. Seria um perigo a professora continuar nas aulas. Imagino a correria dos adolescentes ao banheiro na hora do recreio. Por outro lado, não creio que o caso seja do apedrejamento doentio da moça porque fez o que fez. Alguém, algum dia, disse que ser professor não é profissão, é sacerdócio. No que eu discordo: ser professor é um castigo. Não podemos enrolar um aluno como um advogado maldoso pode fazê-lo com um cliente ingênuo, não podemos distorcer fatos como um jornalista vendido o faria, muito menos um erro nosso será contornado e abafado por um colega, como acontece com alguns médicos. Mas temos o dever de sermos os cidadãos perfeitos numa sociedade completamente retorcida. Tá, tá, cansei de tanta conversa fiada. Vejam o vídeo da professorinha e tirem suas próprias conclusões.
Só digo que fica um ensinamento disso tudo: antes de subir num palco pra dançar, certifique-se de que está usando uma roupa íntima que não machuque os catetos.

Bem, acho que o leitor já está cansado desse post. Vou deixar a volta às aulas, o pré-sal e o período cívico patriótico pra amanhã. Assim dá tempo pra vocês descansarem um pouco.

Caso tenha interesse, pode conhecer o vídeo clicando aqui.

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