domingo, 25 de abril de 2010

História

A gente deve estudar história justamente pra fazer uso do conhecimento. Se estudarmos a segunda guerra, por exemplo, não se repetirá o horror nazista. Se estudarmos o outro lado da história do mesmo fato, não se repetirá os erros de cálculo dos nazistas e se conseguirá sair vitorioso da luta, deixando que os aliados da vez saiam como os verdadeiros monstros históricos, podendo até acusá-los dos mesmos horrores...
Por isso que costumo estudar um pouco de história. E sempre procuro observar o máximo possível dos lados que se envolveram nos fatos. Algumas vezes eu consigo trazer o fato pro meu benefício, outras, consigo ver quem está se beneficiando e assim vai. É, caro leitor, pelo jeito, dessa vez não será tão divertido o que lerá aqui. Estou cheio de histórias pra contar e nenhuma delas é tão divertida quanto às anteriores. Na verdade, tenho muita enrolação também, mas isso já é praxe aqui.
Eu poderia até contar aquela piada em que a loura tentava dormir num avião e um sujeito, tentando tirar vantagem daquele estereótipo, incomoda a tal moça, tentando lográ-la em algum dinheiro. Ela até que reluta, mas a insistência do fuleragem a vence. Então resolve ouvir o que o cidadão a propõe:
- É simples. Uma aposta: eu pergunto e você tenta adivinhar. Se acertar, pago quinhentos reais. Se errar, me paga cinquenta.
Ela aceitou, só pra ver se o sujeito insuportável a deixava em paz. E lá foi a tal pergunta:
- Qual o nome do jogador de futebol que mais fez gols em copas?
A loura nem se deu o trabalho em tentar responder. Abriu a carteira e logo pegou a nota, entregou ao abobado e virou pro outro lado, tentando dormir. Mas o sujeitinho resolveu encher o saco da pobre.
- Só pra terminar a conversa. Dessa vez, você pergunta e eu tento adivinhar. Do mesmo jeito, se eu acertar, recebo cinquenta reais seus. Se errar, pago quinhentos.
Então a loura fez a seguinte pergunta, tentando ver-se livre do paspalho:
- Quando o homem foi à lua pela primeira vez, deixou uma pegada na superfície lunar. Então eu pergunto: qual o número do sapato usado pelo astronauta no dia?
O sujeito pensou, pesquisou, tentou ligar pra todos conhecidos que poderiam ajudá-lo e não obteve resposta. Contrariado, abriu a carteira e entregou os quinhentos reais à garota. Após entregar o dinheiro, ainda curioso, perguntou a ela qual seria a resposta.
A loura abriu a carteira, entregou a ele cinquenta reais e, dessa vez, virou definitivamente pro lado e foi dormir.
Mas não vou contar esta história aqui porque é muito longa. O que vou fazer é falar um pouco de história e de como podemos utilizar fatos que não aconteceram a nosso favor.
Pensei nisso quando estudava a Independência do Brasil. Mais precisamente quando Dom João VI disse a Pedro: "Toma essa porra de coroa antes que algum bosta ponha ela na cabeça, caralho!"
Era a deixa pra que Pedro I viesse a reclamar a independência. Mas saltei no tempo e vim parar nos dias atuais, de mudanças climáticas. Me dei conta que, do mesmo jeito que a coroa portuguesa, muita gente que prejudica algo toma a frente em defender esse algo, enquanto continua a prejudicar o mesmo algo. Nossa, quanto algo!
Trocando em miúdos e deixando de lero-lero, contarei uma anedota pra ilustrar melhor o que digo.
Uma das escolas das quais eu trabalho fez uma grande atividade festiva semana passada. Aconteceu uma enorme quantidade de atividades legais, desde gincana de materiais de limpeza, onde cada material levado valeria uma pontuação específica, passando por passeios pela comunidade e chegando a atividades ecológicas promovidas por pessoas ligadas a uma empresa de celulose. Fim da anedota. Não teve graça, ? Pois eu também não acho graça nisso. Perceber que uma empresa que tem como principal finalidade a degradação do ambiente, através da monocultura, que exporta água em forma de pasta pra fazer papel higiênico (água essa que sai do Aquífero Guarany, um dos mais importantes do mundo) e que, pelo mesmo fator da monocultura, compra ou arrenda grandes extensões de terra e derruba as árvores nativas (leia-se, restos da mata atlântica e matas integrantes do Bioma Pampa) pra plantar eucalipto com a finalidade de limpar a bunda de europeu e norte-americano (isso mesmo! Estão limpando a bunda com as nossas florestas!). Enfim, perceber que uma empresa dessas está tomando a frente do discurso ambiental. É mais ou menos como colocar um estuprador pra ensinar crianças sobre DSTs. É nisso que lembrei quando comecei a falar em história. Lembrei que essa tal empresa está obedecendo exatamente o que sugeriu Dom João VI: está botando a porra da coroa na cabeça antes que os aventureiros dos ecochatos cuidem disso e mostrem à população os malefícios da monocultura. Acho que me estendi dessa vez. Mas foi pro bem da loura da piada.

2 comentários:

Mulher na Polícia disse...

Difícil é saber quem é mais esperto: a loura da piada, a empresa ou D. João VI.

rs rs rs

Beijinho!

Mulher Indigesta disse...

Estão limpando o c...a bunda com nossas florestas, gente! Não tinha pensado na verdade nua e crua (ou assada,nesse caso) dessa forma. E com a água que vai nessas pastas de celulose,o que se faz com ela? Lava?