domingo, 21 de março de 2010

Das palavras que não aturo!

No lexico da língua portuguesa, principalmente a maneira falada no Brasil, existem palavras ou expressões que me deixam deveras sacocheiado. Algumas, apenas por serem feias, como unha e força. Outras por grande capacidade de dizer exatamente nada ou por ser empregada pra mentir. Nesse caso, preparei um curtíssimo glossário pra deixar aos meus leitores, indicando porque este otário não aguenta determinadas situações faladas.
Iniciamos por algo muito em voga: Empreendedor (e derivados, como empreendedorismo). Esta palavra tenta significar "alguém que empreende" ou "alguém que faz algo enquanto os outros ficam apenas se coçando". Pra mim, significa "alguém que encontrou a oportunidade de lucrar nas costas de outrem" ou "alguém que tem boas relações com o poder e consegue, por conta disso, sonegar impostos, promover concorrência desleal e lucrar com a desgraça alheia".
Outra que também não está demodê é a expressão Ecologicamente correto. Esta expressão tem como finalidade designar "algo que se preocupa com as questões das mudanças climáticas". Pois pra este que vos escreve significa "forma com que se referem pessoas que não dão a mínima pras questões ambientais mas que precisam adotar uma expressão pra ter um discurso que 'pega bem' diante do público" ou, ainda, "golpe de marketing de quem quer ficar bem na foto e não quer resolver nada", além de "maneira de se referir a algum paliativo como algo que anulará as agressões que o capital fez ao planeta".
Complementando esta demonstração de palavras e expressões da hora, temos Incrementar. Poderia significar "qualificar", "ampliar", "aprofundar" ou outras próximas no campo semântico. Porém, nada quer dizer. Sempre que alguém disser "vamos incrementar a educação" ou "o sistema de escoamento pluvial recebeu um incremento", pode ter certeza o leitor que nada mudou na educação ou no sistema de escoamento pluvial. Incrementar é exatamente isso: uma forma pomposa de dizer "vamos fazer não sei o que com isso, então, vamos incrementar". Aliás, incrementar é prima-irmã (mas não o oposto) de excrementar!

Um comentário:

Profano disse...

Também fico com o saco cheio de certas palavras e expressões. Acho que seria uma boa (se já não existe) criar um dicionário de expressões que não devem se usadas em hipótese alguma, tais como: recarregar as baterias (sentido figurado); a duras penas; inicializar (para os ratos de computador); a estrada da vida; no frigir dos ovos, etc.
Mas, o fato é que as que mais incomodam são as palavras sem a menor adequação ao contexto e sem o devido conhecimento de seu signficado. Exemplo: dicotomia; virtualmente; análogo.
Também enchem o saco as expressões que transformam conceitos abstratos em algo concreto e vice-versa, muito usadas por alguns escritores e/ou críticos literários de revistas de posicionamento político e ideológico duvidosos (embora atualmente todas as revistas sejam duvidosas) amadores que querem apenas parecer mais inteligentes nas entrevistas, como: "Jogar a realidade dentro da ficção..."