sábado, 1 de agosto de 2009

A ironia e a (en)cobertura

Hoje acordei e, depois de ouvir algumas notícias no rádio e na tv, tive mais uma ideia pra mostrar aos meus alunos sobre o que é ironia. A seguinte notícia foi o mote:
O presidente da Câmara de Vereadores de um pequeno município gaúcho foi morto durante um assalto a banco. Segundo algumas testemunhas, o citado representante do povo, ao saber da ocorrência do assalto, deu de mão no seu oitão, pegou o automóvel (ia chamá-lo de bat-móvel, mas a nova ortografia e o hábito de se respeitar um falecido me fizeram deixar por automóvel) e foi fazer justiça pelas próprias mãos.
Veja bem o meu leitor que está longe de mim desrespeitar alguém que morreu tragicamente, mas não posso deixar passar a atitude tão comum a algumas otoridades da dita omanidade. Pois bem, deixamos o machadiano de lado. Voltemos ao caso.
Ao chegar no local do crime, o dito edil foi avistado por um dos policiais que certamente não o reconheceu e julgou suspeito que um sujeito chegue portando uma arma e conduzindo um carro preto até os vidros em um local onde ocorre um grande assalto. O que fez o servidor da segurança de tolerância zero da gobernanta? Mandou bala no político, num ato que seria simbólico caso fosse em algum determinado deputado federal, governador ou senador. Mas era um pobre vereador de um pequeno município. Esquecendo meu sentimentalismo barato de lado, lembro que era um pobre vereador armado. Aí eu chego onde queria: o que leva um sujeito a crer que ajudará numa situação dessas? Por que o cidadão resolveu ir de pistola em punho a um local de um crime?
O que matou esse vereador foi justamente o direito dele de andar armado. Foi a crença de que poderia resolver algo ou ajudar a resolver por ser otoridade e por andar armado. Foi, também, o imaginário coletivo da famosa "tolerância zero" em que diz que se tiveres uma arma, nada te acontecerá e, ao mesmo tempo, que se a polícia suspeitar de ti, poderá abrir fogo e perguntar depois. Aí que está a ironia. A sociedade assistiu de camarote o quanto aquilo que defende poderá se voltar contra. Não é um perfeito exemplo?
Mas esse post não acabou.

Depois de tudo isso, além do exemplo de ironia, ainda posso mostrar aos meus alunos como se comporta a mídia. Ao mostrar a morte do vereador, deixou passar muitos questionamentos. Vou postar alguns que pretendo levar aos meus alunos um dia:
1. Se fosse um cidadão comum com uma arma na mão?
2. O que o vereador tinha que ter ido ao local? Aliás, o que ele fazia armado?
3. Mesmo tendo sido um tanto precipitado, o policial não teve razão?
4. Por que o Lasier não comentou isso?
5. Por que a mídia gaúcha continua procurando fatos isolados pra encobrir os fatos interligados de corrupção e má administração do desgoverno Yeda/Feijó?
6. Esse espaço eu deixo ao próprio leitor que faça sua indagação.

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